Sobre chuva de verão em pleno outono

Por: | domingo, maio 22, 2016 Deixe um comentário
Ei, vem cá. Senta aqui.
Me abraça, quieto, até essa chuva passar.
Eu sei que algumas tempestades escurecem os dias que, lá fora, o sol arde. Mas deixa eu te contar como foi que esses teus olhos me convenceram de que o paraíso é breu. Basta ver meu reflexo assim, castanho meio ruivo, e já quero passar uma vida toda em Marte.
Sabe, às vezes eu até consigo te odiar por mais de um minuto. Tento enfiar na cabeça, resmungando, que essa nossa história mal escrita não merece mais nem um segundo de atenção. Repito quatro vezes, em voz alta, que eu não me importo. Faço um beiço digno de fim de novela das nove e te ignoro com o potencial acumulado por toda uma era.
E aí você me olha com essa carinha, como quem assiste aos fogos do ano novo, me beija e logo transforma todos os filmes de amor em histórias baratas. Me convence, em silêncio, de que esses nossos dilúvios até vão ficar bonitos em meio às sépias dos nossos domingos ensolarados.
Não tem jeito.  Quando o assunto é amor, não há como negar. A caligrafia é feia, mas a nossa história é a poesia mais bonita que eu já li.
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